segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Conto de Natal

Há no mundo cara mais safado, calhorda e injusto que o tal do Papai Noel?
Não, não há.
Sabe quando foi que eu descobri isso?
Quando eu era criança.
Porque todas as crianças são iguais, alguns duvidam disso, achando suas crianças melhores que as outras crianças. Mas criança é só criança. É só sonho e pureza e encanto e esperança e nuvem e doce e criança.
Eu era uma criança assim.
Mas aí vi que esse canalha desse velho dos infernos nunca me trazia nada, nunca.
Mas trazia muitas coisas para os meus primos, muitas pra eles, nada pra mim. E eu que era uma boa criança: estudava, sonhava, ouvia, obedecia, sentia, saudava, brincava, era uma boa criança.
Por que não ganhava os tais presentes?
Porque esse pilantra era só mais uma nojenta farsa capitalista.
Porque quem me deu os tais presentes foi, mais tarde, meu cartão de crédito.
Mas esse maldito velho não me roubou mais que essa inocente espera.Ainda acredito em coisas que não podem ser vendidas, nem compradas, ainda acredito

sábado, 6 de dezembro de 2008

A lista Oswaldo Montenegro

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia?
Quantos você já não encontra mais...
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber
Quantas mentiras você condenava
Quantas você teve que cometer
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?