Moro perto da linha do trem...Adoro tanto isso... Fico olhando seu vai e vem... Tanta gente lá dentro... Acho tão cosmopolitamente suburbano, delicadamente poético...Fica no alto de uma colina, minha casa...Tem uma varanda sonhadora, fornecedora assídua e generosa de devaneios vários...Gosto de ficar sentada embaixo de um de seus arcos, vendo os pingos de chuva quando essa está despencando...É uma solidão tépida e açucarada...
As luzes acesas, lindamente artificiais...O barulho da vida urbana... E eu...
Uma peninha flutuante e secular, nesse mar estranho e ríspido...Eu, que não faço parte de coisa alguma, de grupo nenhum...Eu sem par...Eu solta no mundo, despregada da terra, como as luzes, como os pingos, como o vento...