quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Pai

Meu pai morreu de câncer de pulmão.
Há quase um ano e sete meses.
E eu nunca falo sobre isso. Talvez porque não possa. Não consiga exatamente dizer o que poderia dizer exatamente.
Eu nunca disse “Eu te amo” pra ele. Porque ele não deixou. Porque eu não deixei.
Esta é a primeira vez que digo com palavras que sinto saudade dele. Que muito possivelmente eu faria qualquer coisa para que tivéssemos uma segunda chance, uma chance, alguma chance.
Mas nada é fácil.
Saber que nunca jamais veremos uma pessoa, não mesmo, nunca e nunca e sempre esse nunca, saber isso, é... É... É algo mudo. Algo seco. É cinza. É meio. É nublado.
Não ter lembranças boas pra lembrar, flor sem cor, pássaro sem canto.
De quem foi a culpa?
Houve culpa?
Talvez não. Talvez uma lição, só isso. Tudo isso.
Se ele pudesse me ouvir eu diria...

3 comentários:

  1. Falar sem que aquele a quem a comunicação se dirige é uma dor tamanha!
    Também tenho assuntos que não falo! Ainda dói! Também tenho saudades! E também dói! Também não disse eu te amo! Dói mais. Também era meu pai.

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  2. Acredite. Oro por ele todos os dias.

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  3. Ainda é tempo de falar...sempre é,
    por mais que não pareça...
    Fale...pense...mande...
    o pensamento, o amor, o querer, as vibrações ... ultrapassam barreiras, galaxias, dimensões...e o que mais tiver por vir...

    simplesmente mande, ainda há tempo...

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