domingo, 24 de maio de 2009

Eu quero é mais!

Hoje fui fazer uma prova de concurso público no bairro de Moema. Na volta, sem pressa nenhuma, andando pelas belas ruas de Moema, zona sul de São Paulo, extremamente rica, pensei: como rico vive! Não se trata de viver bem, trata-se de viver. As casas, aquilo são casas em que se deva morar, aquilo é estar num asilo inviolável, como diria a nossa pândega constituição.
Disso me veio a lembrança de algo de detesto: esse ideal estúpido e estoicista que o capitalismo e a igreja católica passaram, o ideal da pobreza.
Quantas canções, livros, novelas, filmes, enfim, quantas expressões artísticas, passam essa apologia a pobreza?
Centenas, muitas, o próprio catolicismo abençoa os pobres, amaldiçoa os ricos. Os pobres são ensinados e estarem felizes por serem pobres. Nos filmes e novelas a protagonista é sempre aquela que não gosta de dinheiro.
Eis a extrema hipocrisia exercida. Como se gostar de conforto e de viver bem fosse a negação de valores como amizade sincera, amor verdadeiro, caridade, solidariedade e justiça. Quem disse isso?
Certamente quem detinha o poder, a inteligência e o dinheiro.
Querer ter uma vida maravilhosa não significa, necessariamente, abrir mão de sentimentos elevados.
Não penso em abrir mão de amigos de verdade, de momentos de beleza e simplicidade, de minha espiritualidade, mas quero, como quero e esforço-me pra isso, ter uma vida muito confortável.
Pra mim falta de dinheiro não traz felicidade!

terça-feira, 12 de maio de 2009

Estranha, diferente, exótica, esquisita, eu.


Já disse, aqui mesmo, isso da diferença é algo, contemporaneamente, caçado como focas no Alasca (comparado com algo escabroso, porque o é).
Pense numa caçada. Pensou? Caçar ser diferente é inútil. É quase como ter sensibilidade. Ou se nasce com ela, ou não. O que se pode fazer é apurá-la, no máximo. Um ser tosco e insensível e grosso e estúpido e boçal, jamais verá a beleza cândida e inebriante de um nascente do sol, jamais.
Mas isso de ser diferente é como ter sardas (eu tenho): todos acham muito bonitinho, quem tem geralmente detesta, faz tudo pra mudar, tenta arrancar de si, faz de tudo, até que desiste e passa a conviver com elas, as sardas.
Eu já quis ser como todos. Fazer parte da maioria. Nunca consegui. Hoje sou assumidamente diferente, estranha, exótica, esquisita, depende da boca que fala.
Sou alguém sem amarras, nem mesmo sotaque eu tenho. Sou paulistana. Nascida na Mooca, muito paulistana. Meu pai era extremamente paulistano. E eu não tenho sotaque. Não tenho sotaque de lugar algum.
Porque não tem uma caixa de onde eu tenha saído. Não tem uma série ou lote que seja minha. Não há um grupo ao qual eu pertença. Nada. Antes isso me assustava um pouco, hoje não mais.
Adoro quando me acusam de ser estranha. Quando perguntam de que planeta eu vim. Adoro dizer que leio todos os manuais de todos os produtos eletroeletrônicos, antes de ligá-los e tantas outras coisas assim.
Sou assim arianamente assim, ao menos com o meu signo tenho alguma simbiose.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Minha amiga Zon

Carla Zonzini, a Zon, o ser mais delicado e generoso posto no mundo. Alguém completa e totalmente incapaz de magoar deliberadamente outra pessoa. Um ser único. Sua sensibilidade é latejante, sua inteligência altamente sofisticada. Com tudo isso não é necessário dizer da dor que já sentiu, das coisas lindas que diz e escreve e ainda, ainda, é desconcertadoramente modesta. Mas modéstia real, não hipocrisia.
Estudamos juntas, vivemos quatro anos de amizade juvenil. Eu uma tola, muito mais tola que hoje, ainda mais impulsiva, se é que isso é possível. Zon, sempre o ser iluminado, diferente de todas as pessoas do mundo, unicamente Zon.
Eu a ensinei a gostar de seu sobrenome, Zonzini, chamando-a de Zon, querida!
Ela, ela me ensinou que realmente "ter bondade é ter coragem" e muitas, inúmeras, outras coisas... Entre elas uma que me lembro sempre: gostar dos dias nublados, dizia que a faziam sentir uma vontade imensa de viver. Todos os dias nublados da minha vida, desde então, trazem-na junto.
Hoje sonhei com Zon, sonhei que estavamos outra vez no colégio, acordei as gargalhadas. Liguei pra ela.
Zon, "um exemplo de bondade e respeito". Amiga que amarei, enquanto viver.