Estava na janela, sem nada, por nada, ócio mental.
Olhar perdido no vento, na árvore que balança precária. Meu pai também ficava olhando essa árvore... Posso ter esse olhar de volta, e jamais terei aqueles olhos outra vez. Gosto da árvore e do olhar que me traz.
Lá, em cima da colina, as crianças gritam, é uma escola. Quatro meninas correm desnorteadamente. Observar a vida alheia é bem mais confortável que lidar com nossas próprias lembranças.
Estão eufóricas com uns artefatos que parecem ter conseguido por lá mesmo, nos fundos da escola. Tem cordas e pedaços de tábuas. Fiquei mesmo curiosa com o que pudessem fazer com isso.
Crianças, tão lindas! Quando fico frustrada e cansada com o peso de tudo, por vezes olho crianças e penso: ainda há um jeito!
Cena quase bucólica, não fossem a madeira e a corda, até mesmo pássaros há na colina. Lembrei-me de Olhai os lírios do campo, de Érico Veríssimo. Crianças tão inocentes quanto pássaros.
Havia uma líder entre as quatro; uma segunda que seguia fielmente a líder; uma terceira medrosa que parecia não querer fazer uso dos artefatos; e a quarta totalmente apática. Sempre há um apático em toda historia.
Por fim descubro o porquê da tábua e da corda: ambas são pra tentar atingir os pássaros.
Estão as quatro antes elfas, tentando matar, exterminar os pássaros. Os lírios do campo foram despetalados. Maquiavel pareceu-me bem mais apropriado. Retive meus pensamentos. Há situações sobre as quais a reflexão leva ao abismo. Melhor alienar-me.
O vigilante chegou para proteger...
Proteger a quem?
Alienar-se... duvido q consiga
ResponderExcluirPorém esperar o melhor não é ruim, mas como diz um amigo meu: "agente se decepciona mais"
Beijos